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segunda-feira, 15 de março de 2010

Plagiando: O bonequinho aplaude de pé: a história da Aninha

Eu acompanhei boa parte dessa história. E me orgulho muito dessa trajetória.
Parabéns amiga! Por tudo que construiu, vc é um exemplo de inspiração quanto à determinação e a falta de comodidade.
Aí segue...

PS: Pode parecer um texto grande, mas nem de longe há uma linha desnecessária.




Abrindo milhares de arquivos nesta fase em que estou “monografando”, deparei-me com um perfil que escrevi sobre minha trajetória acadêmica numa atividade da graduação. Fiz, no entanto, algumas adaptações, acrescentado, por exemplo, algumas informações mais atuais e homenagens à amiga Naty, que por coincidência é a dona do blog...rs







Segue:



Ainda nas séries iniciais, sempre fui vista como uma menina doce, comunicativa, inteligente e muito questionadora e, por tal motivo, acabava ocupando papéis de destaque em brincadeiras coletivas e/ou trabalhos em grupos na escola. Parece um discurso de marketing pessoal, sei. Mas é não. Na verdade, é pra que vocês entendam que algumas aptidões já se manifestam na infância, quando muitos ainda pensam: “Ah, quando crescer ele(a) muda!”. Nem sempre, nem sempre...


Bem, com tamanha facilidade para falar em público e criatividade para elaborar trabalhos escolares originais, despertava o interesse de colegas e professores para ocupar cargos de representante de turma ou iniciar leituras( e eu, sinceramente, adoravaaaaa!rs).



Leitora assídua e atenta dos livros que minha mãe comprava, eu fui amadurecendo rápido. Ao mundo dos livros fui apresentada pelo meu sábio avô, que até seus 90 anos leu incansavelmente. Devorava Pedro Bandeira, Lobato, autores menos conhecidos, histórias em quadrinhos... Eu queria mesmo era ler MUITO. Mas, em contra partida, sempre estudei em colégios vistos pelos especialistas em educação da época (o time ao qual pertenço hoje) como fracos, incompletos, etc, etc. Com isso tive, academicamente falando, uma base defasada em alguns aspectos. Era pouco explorada na escola e as leituras de casa não cabiam na sala de aula; não era hábito dos meus professores a solicitação frequente de leituras. Enfim, muita coisa me foi complementada em casa - ainda bem!- através de meus avós e de minha mãe que trabalhou anos em colégios.



Já na fase do Fundamental II(atual 6º ao 9º ano) comecei bem, numa escola municipal excelente onde tínhamos aulas de técnicas agrícolas, francês, educação musical, OTC, técnicas industriais, as demais disciplinas tradicionais e até artes cênicas(pasmem!). Chama-se João Neves da Fontoura, em Rocha Miranda(mas, infelizmente, nem de longe é a mesma!). E quando tudo ia bem, a minha família melhorou de vida (mas não a ponto de bancar uma escola) e comprou um apartamento em outro bairro, distante para uma menina de 12 anos (na cabeça da maioria das mães). Conclusão: tive que trocar de escola na antiga 6ª série, uma vez que não poderia ir sozinha ao “colégio-paraíso” por medos maternos que só a psicologia explica e que talvez eu entenda quando tiver um filho. Mas “tudo bem!” Com isso, fui estudar numa outra escola pública de dar medo. E foi lá que concluí meu Ensino “Fundamental”, ainda que eu não soubesse muito bem na época que isso era bem contraditório, já que, até então, eu não tinha tido O fundamental. Enfim... formei-me! E formei-me falando “pra mim fazer”( e Naty sabe bem disso. Obrigada, amiga, Valtinho e saudoso Alan rsrs), “menas”, “meia nervosa” e só! Rsrsrsrs. Até porque, eu mandava bem com a minha maneira prolixa, porém bem original na hora das redações e respostas discursivas(que a maioria dos colegas odiava). Eu possuía um saber expressivo e elocucional, linguisticamente falando, que camuflava as defasagens do saber idiomático. E hoje, antecipando o final deste texto, eu valorizo e muito nos meus alunos a capacidade que eles têm de se expressar sem, é claro, deixar de orientá-los em suas dúvidas gramaticais.



Pois bem, veio o Ensino Médio. Médio??? O meu, mais uma vez, era menos que médio(uma espécie de eufemismo só pra não dizer fraco...rs). Fiz a prova e lá estava: Central do Brasil. Ora, ora, 3 anos sem professor de Química e Matemática. Aff! Mas antes que me achem pessimista, eu hei de exaltar a minha grande professora de Biologia, a quem devo até hoje a minha alta pontuação na 1ª fase da UERJ pelos seus inesquecíveis ensinamentos sobre genética, teoria da evolução e tudo o mais que precisamos para levar ao vestibular e à vida. E vivam os genes recessivos, dominantes e suas probabilidades!

Aí, bateu a neura: como encarar um vestibular agora?!?! Eu tinha algumas opções: matricular-me num ótimo pré(Fora! Não tinha grana); Ir trabalhar pra pagar este ótimo pré(Fora! Não ia aguentar o pique por motivos pessoais e familiares que enfrentava); Estudar sozinha em casa (Fora!Nos primeiro 15 dias eu já estava odiando tudo porque tenho algum grau de hiperatividade que não me permite muita concentração e, além do mais, muita coisa eu nem tinha visto na escola). Então, começar por onde? Tentar o vestibular com o conhecimento acadêmico que eu tive, ainda que precário, junto ao meu conhecimento empírico, vindo de todas as fontes de informação que eu soube sugar muito bem (feito!).Já sabia que queria Letras, e não mais Jornalismo, o que já era meio caminho andado... Resultado: fiz 2 meses de projeto UERJ, única opção pagável naquela fase, que pra quem sabe bem é uma correção frenética de exercícios sobre os quais eu NUNCA tinha visto na teoria no Ensino Médio, com algumas exceções. Revisava em casa com bastante interesse o que conseguia absorver no projeto. Então, Resolvi tentar a UERJ para testar “não sei bem o quê” e lá estava eu, tipicamente uma vestibulanda: aflita, cabeça baixa, mão na testa enquanto pensava nas respostas ou enquanto esperava algo do céu! Conclusão em 3 etapas: fiz tudo o que sabia, tudo o que achava que sabia e tudo o que não sabia, escolhendo uma letra igual a todas para um chute mais certeiro. Isso não é orgulho, claro, mas quando saiu o resultado vi que foi o que me ajudou a não zerar o que era impossível fazer com o conhecimento que eu não tinha e garantir o que de fato eu dominava naquela prova. Assim, passei pra segunda fase(específica) com B(acreditem!), pois me saí muito bem em Literatura, Português, Biologia, Geografia e razoavelmente em História e Espanhol. Sobre as demais, prefiro não comentar...

Já na segunda fase, tentei focar nas específicas, mas a falta de base me desanimava quando eu lia coisas que não entendia. Estudei como pude ou como me foi conveniente, tamanha era a preguiça, confesso, mas encarei a “segundona”. Resumindo: ótima em redação e bom rendimento em LP, ESP e LIT. Já História... foi a decepção. Então, como tivemos apenas 1 reclassificação naquele ano, eu não consegui entrar; e não sei se conseguiria caso tivesse uma segunda. E, cá pra nós, não me senti frustrada pelo resultado, óbvio que não. Tenho plena consciência de que meu “esforço” não foi nem um pouco compatível com o grau de exigência e responsabilidade de um vestibular. Desta forma, sobraram-me 2 alternativas: tentar um pré comunitário ou ingressar logo numa faculdade particular. Sendo honesta, optei pela segunda por comodidade, por pressa, por preguiça, por covardia... Mas e a grana que me faltou para o cursinho??? Revelando: usei a meu favor o fato de escrever bem e mandei ver na redação, com isso, ganhei um bom desconto e logo, logo, tornei-me universitária. Ah, claro que não foi o melhor caminho, analisando tudo minuciosamente e com uma auto-crítica em nível elevado, porém não foi o pior, eu lhes garanto. Fiz um pacto comigo mesma de fazer a diferença na faculdade “pagou-passou”(e esse pacto também valeria pra pública, vale lembrar) que, com toda a minha franqueza, nem sempre o rótulo é válido, e nem sempre é descartado(mas não vou entrar neste mérito). O fato é que eu tive professores “medíocres” e professores devidamente comprometidos com sua prática acadêmica. E dei sorte de cair na mão da maioria deles. Tive um corpo docente em Literatura excelente, outro muito bom em Língua Portuguesa e um razoável em Língua Espanhola, mas corri atrás por fora e fui fazer um curso de espanhol na UERJ, com grande seriedade.

Tracei, intencionalmente, um universo paralelo entre os 2 mundos: universidade pública e privada. Ali estava eu, respirando os 2 universos tão segregados pela maioria de egos inflados, através das palestras oferecidas em ambas, dos congressos que tinha como maioria esmagadora as federais e estaduais, dos bate- papos informais com colegas das duas instituições, de professores que lecionavam lá e cá, dos muitos eventos que eu fuçava e encontrava mesmo não sendo uma aluna “direta”(leia-se: graduanda) do campus Maracanã. Eu era apenas uma menina que lá fazia um simples curso de idiomas. Mas como suguei aqueles andares... Bem como os shows na concha acústica, os teatros, os auditórios e os discursos inflamados de seus doutores e personalidades convidadas a palestrarem a quem quisesse ouvir; e eu quis.


A partir de toda esta experiência e da maturidade acadêmica que fui adquirindo gradativamente, eu me tornei uma “grande cabeça” (dos intelectuais e dos sociáveis da minha faculdade, a quem me reservo o direito de não fazer propaganda gratuita rs). Eu fui levando a sério a coisa de fazer a diferença ali dentro. Apresentei bons trabalhos em seminários (destaque pra apresentação de Polyana aos contistas de Noite na Taverna”. Deu o que falar!), suguei ao máximo meus grandes professores, fiz prova para monitoria em Língua Portuguesa e Latim, passei e, consequentemente, uma bolsa integral me foi dada. Tive o melhor orientador da instituição, que se tornou amigo e, hoje, colega de profissão. Ah, e ainda arrumei um namorado(coisa rara na faculdade de Letras rs).


E antes do canudo universitário eu tive conquistas profissionais importantes, porém graduais: estágio remunerado(rs)em 2 escolas, professora de curso de idiomas, primeira aprovação em concurso público(ainda no 3º período, assim como a dona do blog J ), vice-coordenação de escola e uma série de outros caminhos dentro do magistério.


Mas a vida acadêmica não se encerra, renova-se. Logo, fui buscar aperfeiçoamento, novas descobertas e resolvi tentar uma Pós pública (pra fazer uma espécie de compensação comigo mesma por ter desistido lá atrás do vestibular). E consegui. Consegui não apenas uma pública, mas a melhor na minha área. Consegui uma das 40 vagas que lá estavam disponíveis naquela espécie de vestibular (vários canditados, 4 horas, fiscais, pererê, parará). Com uma crise de amigdalite cruel eu obtive força divina e fiz uma das melhores provas da minha vida (tudo bem que à noite a amiga Naty teve que me levar ao hospital...kkkkkk). Agora, estou na minha fase de conclusão monográfica (depois de pedir todas as prorrogações possíveis rsrss) e cheia de dúvidas quanto ao que quero profissionalmente. Tenho certeza do que não quero mais, o que já ajuda neste mundo de constantes pressões.


Não me arrependo em momento algum de ter escolhido a carreira que escolhi. Além de uma paixão pela Língua Portuguesa(hoje, bem mais do que pela Espanhola), pela Literatura e por tudo que as envolve, eu tenho a tranquilidade de saber que a minha escolha acadêmica (já anunciada na infância) servirá pra TUDO o que eu vier a fazer na vida. E mesmo que eu ganhe na mega-sena e decida não fazer mais nada oficialmente, ela me será útil. Útil por motivos diversos e antagônicos, que nem sempre terão a ver com as gramáticas, com os arcaísmos, com os dicionários, com os clássicos literários. A Língua Portuguesa me deu cultura, assim como me ensinou a cometer vícios de linguagem sem que eu fique presa aos julgamentos dos que me ouvem ou leem(pois quem conhece bem a minha trajetória acadêmica e profissional sabe, por tabela, que eu posso me desprender de certas formalidades linguísticas sem ter medo de ser mal compreendida). Aqui, faço uso do meio termo pra não desprestigiar o blog da minha amiga...rsrsrsrs


Seguindo: Amo lecionar, mas ando com uma vontade imensa de experimentar os sabores de outras áreas. São porquês ainda sem respostas definidas, mas hei de tentar novos caminhos. Não me culpo por isso, não me sinto fraca e nem covarde por, de repente, começar do zero numa área profissional intransitável por mim, até então. Entretanto, eu não sou adepta aos radicalismos, o que quer dizer que, se não der certo, eu volto se quiser voltar, ou pego atalhos que ainda não me foram apresentados.


Façam suas escolhas, mediante seus desejos. Melhor que não sejam impulsivas, como foi no meu caso, mas, se assim acontecer, há tempo para um novo começo. Espero ter podido ajudar a todos que estão na fase de escolhas (independente do vestibular).




Expus da forma mais latente a minha trajetória pra mostrar que às vezes começamos por caminhos meios “tortos”, meio bambos, mas acabamos numa linha linear e mais segura. E não tive em um só minuto a intenção de levantar a bandeira do “não passou pra pública??? Não perca tempo, vá agora para a particular da esquina da sua rua.” Quis apenas mostrar que há muitos caminhos, muitas opções. A minha escolha inicial não foi a mais acertada em alguns aspectos, só que soube consertá-la sem que me causasse nenhum dano. Honestamente, sei bem das diferenças entre as duas pontas do ice Berg e creiam: não são mitos, elas de fato existem. Algumas são mais visíveis, outras nem tanto, mas existem. Mas este relato destina-se a uma reflexão que vai além do “o que é melhor, pública ou privada?”; ela quer levá-lo(la) a outras indagações, nem mais, nem menos importantes, mas que têm a ver com “o que é melhor pra mim?”

Apesar da ênfase a alguns resultados, a algumas conquistas, não quero lhes passar um discurso pretensioso. O meu real objetivo é mostrar que tive minhas limitações, tive minhas inquietudes, meus atos de covardia... No entanto, dentro da minha realidade, acredito ter superado dificuldades, ter conseguido virar o jogo. Isso não quer dizer que tenho uma história incrível, destas de dar matéria no Fantástico, mas pode ser uma história que ajude a construir outras, que ajude a somar em algum sentido ou que simplesmente sirva de base para você dizer: quero fazer tudo diferente. Eis-me aqui, apenas contribuindo.



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