Fevereiro e março são os meses que mais me desesperam quanto ao cinema. Meus momentos de lazer se concentram na maratona de colocar todos os filmes com qualquer indicação ao Oscar em dia para acompanhar a cerimônia. E depois, vem as reflexões acerca deles.
Dificilmente concordo com os resultados, rsrsrs, mas procuro encontrar uma mensagem a ser refletida em cada um deles. A arte cinematográfica bate em mim como um espaço profundo de contribuição a refletir sobre o mundo, a vida, os seres humanos, o meu interior.
Foram muitos filmes e muitas reflexões... Acreditem! No entanto, escolhi pra me dedicar a comentar, "Direito de amar", na verdade uma horrorosa tradução de título de "A single man". (Direito de amar parece até título de novela mexicana, eca!).
"A single man" , produzido e dirigido por Tom Ford, um estilista que estreia muito bem aqui como cineasta.
Tom Ford é reconhecido por ter inovado em momentos de crise marcas como Yves Saint Laurent e Gucci. E, assim, definitivamente soube explorar muito bem no longa o brilhantismo que carrega ao tratar de estética nas passarelas da moda. O filme tem uma fotografia, figurino e direção de arte impecáveis e construídos com muita sensibilidade. E, para completar, todos eles ganham ainda mais cor, sabor e até cheiro com a companhia de uma excelente trilha sonora.
Fora as atuações de Colin Firth (merecidamente indicado ao Oscar de melhor ator e que deveria ter sido vitorioso) e a breve mas pulsante atuação de Juliane Moore, há muito ainda o que dizer sobre a história.
Ao contrário do que parece, a história não é focada num debate sobre enlaces e perdas homossexuais. A história fala de crise, desistência pela vida e depois uma sutil recuperação repentina pelo sabor de viver. Mesmo que tarde. No entanto, ainda suficiente para nós telespectadores nos maravilharmos com as circunstâncias que a vida nos coloca e a nossa grande capacidade - mas pouco trabalhada - de reviver.
Renascer em si mesmo. Foi isso que George (Firth) implanta em nossos pensamentos ao longo de uma narrativa que nos faz viajar até sua mente. Para dentro de uma mente que concentra pensamentos tão comuns mas geralmente pouco refletidos por essa sociedade que vive na ditadura do tempo, do sucesso, da beleza, da riqueza e também da arrogância.
Firth não interpreta um personagem-herói ou um fracassado. É um professor universitário de prestígio e ao mesmo tempo imaturo e sem coragem para tantas obviedades. E, por isso, tão perto do público, do humano. Este título de "single" pode ser tanta coisa.. Sozinho, solitário, solteiro, só, singular...
E, o ápice de tudo pra mim ficou na frase-chave de George:
"Na vida as coisas acontecem exatamente como devem ser."
Incrivelmente tocante.
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