Palpite de hoje: Sendo mulher

Aprendemos todos os dias a ser mulher. Hoje, ao ler um artigo que falava da diferença salarial de gênero no Brasil, que ainda é absurdamente preconceituosa quanto ao feminino, também acabei me dando conta da data de amanhã: Dia Internacional da mulher. Ao mesmo tempo, abri uma revista desses jornais "enormemente construtivos de domingo" ( um dia ainda deixo minha ironia arrogante de lado...) e vi uma reportagem interessante: Ser mulher aos 10,20,30, 40 e 50. Cinco depoimentos. Todos, com profundidade ou não, falavam por gerações especificas. Em sentidos passados ou futuros... Assim, quero falar do que pra mim é ser mulher hoje, ou talvez até amanhã. Sem projeções, só do agora e nada mais.

Mesmo que seja uma tentativa de reflexão momentânea, não dá pra exprimir nesta fase o que é ser mulher sem relembrar de Simone de Beauvoir, Jane Austen, Sophie Calle, Patrícia Travassos, Marília e Regina Spektor. Todas ícones - no sentido de construirem o meu momento e não de representarem idolatrias - deste meu novo lugar no mundo.

Sendo mulher por Naty hoje é:

Estar em fase de construção no processo de "aprender a se bastar" que começou com leituras de profundas reflexões com Simone de Beauvoir em "Memórias de uma moça bem comportada".

Em busca incessante pela independência, autonomia e evolução espiritual inspiradas pelas mulheres além de seu tempo elaboradas na prosa de Jane Austen.

Cuidando de mim (Por mim, comigo, sendo eu mesma e mais ninguém) em todas as dimensões práticas  que se possa acumular, inspirando-me profundamente por uma admiração latente pelo exemplo de Sophie Calle.

Olhar a vida com a menor observação pessimista possível e encontrar simples possibilidades onde enxergava grandes problemas graças ao trabalho terapeutico com Marília.

Encarar o cultivo  da vaidade física extrema em que me encontro como uma alavanca para a renovação de energias positivas incentivadas também por programas assistidos esporadicamente com Patricia Travassos. ( E por que não?)

Cultivar novos hábitos e novidades descobertas, especialmente quando se trata do teor cultural, alimentados pela nova paixão musical de Regina Spektor. (uma de tantas paixões por uma nova vida que nasce a cada dia...)

Não viver com pressa, não passar os dias em contagem regressiva, renascer pro mundo que já tinha.

Sorrir sempre, agradecer a tudo que for possível, procurar ser menos crítica consigo e com o mundo, ligar a tecla da câmera lenta muito mais do que de costume... E curtir isso.

Perceber a feminilidade exalando cada vez mais de dentro pra fora...

mas também ir ao dermatologista por estar com a face cheia de bolinhas de acne mesmo depois dos 25...

Ver a primeira ruguinha formando no cantinho da testa e se sentir tão medrosa e boba diante de situações que sentimentalmente estão estreando...

Se sentir socialmente útil. Perder o controle dos prazos de vez em quando e relaxar quanto a isso. 

Reaprender a usar salto e reler Nietzsche com muito esforço pra se entender... 

Continuar a sede de aprender. Por agora, menos acadêmica e mais pela vida. 

Sendo mulher por mim, por um dia. Este, 7/8 de março de 2010.