Powered By Blogger

sábado, 24 de julho de 2010

Bruschetteria e Vintage Cupcakes

Tempinho frio pra mim combina com pensamento guloso. A novidade e o boom do verão foi o sorvete 0% de gordura de iogurte. 



E o inverno? Já elegi minhas novas tentações: Bruschettas e Cupcakes.


Esta saborosa iguaria italiana, saboreada em todo território italiano, nas mais diversas formas, tem sua origem na antigüidade entre os trabalhadores rurais, quando o pão era seu principal alimento e se constitui numa forma gostosa de se aproveitar o "pão velho", que sobra de um dia para outro.
Um artigo de um super gourmet me contou que o termo Bruschetta (pronuncia-se brusqueta) é originário das regiões do Lazio e de Abruzzo, derivada da palavra "bruscato" que significa tostado ou torrado, quer seja no forno ou na grelha. Há também outros nomes para bruschetta, como "Fetunta", na região da Toscana, aí derivado das palavras "fetta unta", isto é, fatia untada, no caso, com azeite de oliva.
A clássica bruschetta é feita com uma fatia de pão italiano rústico, de farinha escura e grossa, de casca dura, tostada na grelha, esfregada com alho, untada com abundante azeite e polvilhada com sal e eventualmente com pimenta-do-reino.
Descobri a Bruschetteria numa indicação de revista. O wikipedia me contou que Bruschetta é um aperitivo da Itália central que existe desde o século XV. Como eu só descobri agora??????  E, aí, a novidade gastronômica  é a lanchonete especializada em Bruschettas. Super recomendada! Já aprovei. O grande toque brasileiro é a diversidade dos sabores. Adorei a de gorgonzola com mel.
 

E de sobremesa? Cupcakes!!!!!!!!!
Tinha aversão aos bolinhos por achar demasiadamente americanizado... ( a minha velha arrogância né...rsrs) mas enfim, me rendi!!!!!! Aiiiiiiiiii é bom demais! Quiosques estão se espalhando pelo Rio e vem sendo dificil estar perto e resistir. Comi um maravilhoso: Macadâmia nut: bolo de baunilha com pedaços de chocolate branco e macadâmia coberto por uma ganache de chocolate branco. Bem, momento gulodice.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

"... um rio carregado de saudade vem correr na minha veia..."

Começos, meios e fins. Esse é o ciclo renovador da história das pessoas, do mundo, das coisas. Hoje nem vim tanto pra filosofar, vim mais pra falar que o movimento é eterno. Elementos invadem nossas vidas com a devida importância e de repente se esvaem. E, logo, outros entram pra recontinuar. E, já dizia, Moska, tudo novo de novo.

Um fim que lamentei: Cordel do Fogo Encantado.


O site oficial publicou três informes oficiais: de Lirinha (vocalista), de Antônio Gutierrez (produtor) e  Clayton Barros (violonista) com explicações sobre o fim da banda no inicio de julho.  O que era uma peça teatral na cidade de Arcoverde, interior de Pernambuco, ganhou o mundo-Brasil através de festivais e se transformou, a meu ver, no espetaculo musical de maior originalidade até então do nosso país. Com a mistura de poesia, espiritualidade, teatro, circo, cordel, repente, batuques africanos, nordestinidade, ali se apresentava uma brasilidade regional que poucos do mundo dito central do Sudeste brasileiro estavam acostumados a assistir, ter contato. Um das vertentes que mais me encantavam em relação a banda, era a capacidade energética que eles tinham de comover o seu público que entrava num verdadeiro transe durante o show. A convocação da platéia a sentir o sobrenatural pra evocar a esperança pra cuidar e repensar os problemas tão fisicos, tão da terra que calejam o povo sertanejo. Segundo palavras anteriores, do próprio Lirinha, O "encantado" ressaltaria a visão apocalíptica e profética dos mistérios entre o céu e a terra.

O grande hino: Chover. Segundo a lenda/mito que envolvia essa música da banda, todas as vezes que a música era tocada e Lirinha sentia o sobrenatural, realmente chovia. (durante, ou depois...) Aos descrentes e supersticiosos: todos os shows que fui realmente choveu...



Chover (ou Invocação Para Um Dia Líquido)
Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha; Clayton Barros


"O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove*

Chover chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover chover
Um terço pesado pra chuva descer
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê


Chover chover
Cego Aderaldo peleja pra ver
Chover chover
Já que meu olho cansou de chover
Chover chover
Até Maria deixou de moer
Chover chover
Banzo Batista, bagaço e banguê


Meu povo não vá simbora
Pela Itapemirim
Pois mesmo perto do fim
Nosso sertão tem melhora
O céu tá calado agora
Mais vai dar cada trovão
De escapulir torrão
De paredão de tapera*
Bombo trovejou a chuva choveu
Choveu choveu
Lula Calixto virando Mateus
Choveu choveu
O bucho cheio de tudo que deu
Choveu choveu
suor e canseira depois que comeu
Choveu choveu
Zabumba zunindo no colo de Deus
Choveu choveu
Inácio e Romano meu verso e o teu
Choveu choveu
Água dos olhos que a seca bebeu
Quando chove no sertão
O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola**

Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou***

E, "Na veia", um outro hino da banda, me remete a saudade que vou sentir.

Na veia: "... um rio carregado de saudade vem correr na minha veia..." isso vai ficar....


quarta-feira, 7 de julho de 2010

A natureza do olhar


Fernando Pessoa




Tenho Tanto Sentimento


Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.


Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Nunca fui muito despertada pela poesia. Muito mais pela preguiça de me debruçar a apreciá-la e menos por não ter paciência a valoriza-la. Poetas me transmitem a sensação de que conseguem organizar muito bem seus múltiplos ou únicos pensamentos, em linhas tão metricamentes calculadas e ainda carregadas de subjetividades. E meu cérebro é sempre um turbilhão de desconcentrados pensamentos. Ou seja, incompatibilidade. Assim, eu acreditava.
Alguns nomes sempre admirei: Neruda, Vinicius de Moraes, Camões, Joao Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector e Fernando Pessoa. No entanto, de poesia sempre tive um conhecimento raso.
Neste sábado assisti uma peça que mudou meu olhar e me fez apaixonar por poesia.Como se as cortinas de uma paisagem bucólica e límpida tivessem corrido bem no meio do meu céu.  Não sei ainda por quanto tempo, e nem em que grau de envolvimento vai se sustentar esse novo espetáculo de luz que adentrou meu mundo, mas a emoção da paixão foi arrebatadora.
"A natureza do olhar" é uma peça com texto de Fernando Pessoa com atuação de Elisa Lucinda e Geovana Pires. Elisa e Geovana encarnam os personagens Alberto Caeiro e Álvaro de Campos --heterônimos de Fernando Pessoa. Baseado no texto de Álvaro de Campos, "Notas para a Recordação de meu Mestre Caeiro", elas me invadiram e dominaram todos os meus sentidos e idéias com a mesmissima intensidade. Seria possivel perder o fôlego por enxergar uma tempestade de estrelas caindo na sua direção? Vindas do infinito, para um universo que também mora dentro de mim. Foi assim, foi fantástico.
Primeiro elas nos receberam antes de começar a peça na entrada do teatro. Aquele clima de glamour que geralmente envolvem as atmosferas dos artistas, foi quebrado. Entendi e gostei, disso: "olhem, estamos aqui porque amamos a arte. E gostariamos de partilhar com vocês exatamente isso, do fundo da alma". Encerrou-se a distância, humanizou-se quem costuma ser tratado com diferença. Que podem se traduzir em (in)diferenças...
Depois elas explicam o que são heterônimos. A mim, explicação bastante elucidativa e que me fez ver a peça por outro ângulo do que eu teria se não fosse essa preocupação das atrizes. Mais um ponto!!!!!!
Os heterônimos, de forma breve, sao personagens com biografia e tudo, almas próprias criados por um determinado poeta para assinar a sua obra sendo ele, o poeta, mas também sendo um outro alguém.( que também é ele mesmo).  Marca registrada de Fernando Pessoa.
E depois, o texto deste incrivel poeta que é Fernando Pessoa. Um homem (me fez lembrar a historia de Kant) que nasceu na Africa do Sul e partiu para Lisboa de onde jamais saiu. A mim, um pequeno gênio notável pra traduzir tão bem e sutilmente a linha tênue entre pensamentos e sentimentos.
Com uma atuação estupenda de ambas as atrizes, com uma interação incrível entre elas em cena, a peça fala por si só. Tocou de verdade meu coração. Meu lado Caeiro apareceu ao se identificar em Álvaro de Campos, bem mais presente sempre. Todos somos um.