Neste fim de semana fui conferir a Mostra Expedição Langsdorff no Centro Cultural Banco do Brasil. E, a cada dia mais, descubro o quanto é legal fazer Geografia fisica na prática. Sim, tenho consciência da polêmica que essa afirmação por múltiplas questões pode causar. No entanto, é isso mesmo que sinto.
A expedição Langsdorff caracterizou um periodo marcante para o país. Independente de quais interesses ela vinha atender, retratar paisagisticamente as imagens daquele Brasil de outrora foi uma ideia esteticamente e cientificamente fantastica. E também perigosa e desbravadora...
uma expedição com artistas e cientistas liderados por Georg Heinrich von Langsdorff se aventurou por 17 mil km do território nacional. Quando o país ainda era praticamente uma gigantesca floresta. Entre aquarelas, mapas e quadros assinados principalmente por Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay, Hercule Florence e pelo cartógrafo Nester Rubtsov, a minha grande surpresa é saber que muitas destas obras são inéditas para o país. Imperialismo intelectual? Descaso inconsciente à época de conhecimento do território? Falta de estima criteriosa a respeito da necessidade de se ver também nesse Brasil? Não sei... mas fiquei meio revoltada, no sentido ufanista mesmo e encucada ao me informar sobre esse fato.
Um texto de curiosidades sobre a expedição aqui contada me informou que o alemão Georg Heinrich von Langsdorff (1774- 1852) formou-se em Medicina e frequentava sociedades científicas europeias. Em 1802, integrou uma expedição de volta ao mundo, sob comando de Adam Johann von Krusenstern. Naturalizado russo, Langsdorff foi nomeado pelo czar Alexandre I, em 1813, cônsul-geral no Rio de Janeiro. Lá, ele começou a idealizar uma viagem científica pelo interior do Brasil.
O trajeto e algumas imagens: Eu desejaria que toda essa expedição tivesse sido um bom trabalho de campo de cientistas, artistas, jornalistas, enfim, de brasileiros interessados no assunto e que esse fosse um grande passo para o entendimento da brasilidade de dentro pra dentro. E não do exterior com o olhar estrangeirado. Mas isso não apaga o valor construtivo que a expedição deixa marcada em nós. E, ainda mais, o quanto a grandiosidade desta natureza e da sua energia foi revelada. O próprio Langsdorff, por aqui chegou e ficou. Sem tentativa de comemoração diante da constatação vigente que era aventurar a saúde ao embarcar nesta experiência, com as mortes que vieram. Nos últimos anos da expedição, Langsdorff foi acometido por uma doença desconhecida, que causava surtos passageiros, durante os quais ele perdia a noção de tempo e espaço.
Entrevista com Boris Komissarov, organizador da exposição
Há mais de 30 anos, o russo Boris Komissarov, de 70 anos, professor da Universidade de São Petersburgo, ocupa-se dos estudos do acervo da Expedição Langsdorff. Abaixo, ele fala sobre a figura a quem dedicou tantos anos de sua vida.
O início - "Langsdorff não planejava organizar uma expedição tão grande porque a situação no Brasil era muito difícil, por conta do movimento pela Independência. No início, ele se concentrou em estudos próximos à sua Fazenda Mandioca, no Rio"
A ajuda russa -"A Rússia investiu uma quantia alta na Expedição Langsdorff - 330 mil rublos. Na época, o orçamento de gastos do país inteiro, para um ano todo, era de 363 milhões de rublos."
A relação com pintores - "Na época, não existia fotografia e o papel do pintor era importante para o registro de tudo. Mas eles não eram pessoas ‘da ciência’, o que dificultava essa relação. Acho que Florence inventou a fotografia pensando na dificuldade que Langsdorff tinha com pintores típicos. (Risos.)"
È, pra mim, super recomendado. Me faz entender mais de ser geógrafa, da grandiosidade do Brasil enquanto espaço fisico e material vivo, e lamentar um tanto não poder ter privilegiado-me de avistar essas belas paisagens por si mesmas. Deixar me abraçar por esse encantamento de verde, por essas visões privilegiadas de céu, pelo barulho mais verdadeiro de vida no mundo Brasil.
É engraçado como podemos ver em tempos em que mal se conhecia os homens, a fauna e a flora que habitavam o interior do país, um grupo de pessoas abriu caminho e criou arte.Se não me engano no século 19, a Expedição Langsdorff percorreu terras desconhecidas e deixou para a história um registro científico de tudo que encontrava pelo caminho. Hoje, esses registros " resgatados de porões de órgãos públicos da Rússia" são fonte de conhecimento e viraram arte.
ResponderExcluirOps! acho que escrevi muito kkkk bjooo